17 de maio de 2007

Ascenção do Senhor


Precisamos deter-nos no mistério da Ascensão e não o olharmos distraidamente, como se fosse quase marginal no interior da Páscoa: Ele encerrou as suas aparições. É mais do que isso. Trata-se da própria consequência da Ressurreição e do seu clímax. Por isso, desde as primeiras afirmações de fé aparece a Ascensão como expressão necessária da exaltação celeste de Jesus (Mc 16,19; Lc 24,51; At 1,2.9;2,33; Ef 1,20). Graças à fidelidade à vontade do Pai, Jesus obtém o senhorio divino sobre tudo e sobre todos, e pela sua humilhação recebe a máxima exaltação (Fl 2,6-11).
A expressão: "sentar-se à direita de Deus" repropõe o senhorio de Cristo, após os acontecimentos que o fizeram descer ao nível mais baixo da nossa condição. Mas, também releva o facto da intimidade de Jesus com o Pai. É Ele o Ministro de Deus, o que equivale a dizer que possui o poder divino.
A Ascensão também expressa a nossa salvação e o nosso destino. Deus não só aceitou o sacrifício do Filho, em nosso favor, como nos elevou com Ele até à participação da Sua glória. De facto, se Jesus desceu tanto no processo de humilhação, indo até à mansão dos mortos, foi exclusivamente para nos levar consigo e nos elevar até Ele:

Quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente, eu levar-vos-ei comigo (Jo 14,3).

Por isso, a Solenidade de hoje alimenta nossa esperança, dando-lhe um conteúdo seguro:

Ele subiu não para afastar-se da nossa humildade, mas para dar-nos a esperança de que um dia, como membros do seu Corpo, iremos ao Seu encontro, onde ele nos precedeu, nossa cabeça e princípio (Prefácio da Ascensão,I).

A plena exaltação do Filho inaugura também o tempo da Igreja, que preenche todo o intervalo até o julgamento. Neste tempo de graça todos os fiéis comungam da mesma expectativa do retorno do Senhor:

Este Jesus que foi arrebatado dentre vós para o céu, assim virá, do mesmo modo como o vistes partir para o céu (At 1,11).

É, portanto, um mistério relacionado com o mandato de evangelizar, a primeira missão da Igreja no mundo. Ele parte, mas antes deixa a missão:

Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura (Mc 16,15).

Para o êxito garante a sua presença:

Eis que eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28,20),

Além do envio do Espírito:

É do vosso interesse que eu parta, pois, se eu não for, o Paráclito não virá a vós (Jo 16,7).

Portanto, a presença atuante e misteriosa do Espírito Santo como novo Mestre daquilo que Jesus nos ensinou e quer que ensinemos e pratiquemos (Jo 15,26;16,13), explica-se pela própria ausência física de Jesus. A Igreja, a Palavra e o Espírito tornam-se assim realidades que se tocam. Jesus que parte se viabiliza pelo Espírito através da Igreja, portadora da Mensagem. O Cristo que sobe, continua presente e transparente no mundo e na história dos homens.


PAZ E BEM

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