8 de dezembro de 2006

Imaculada Conceição


«A 11 de Fevererio de 1958, uma menina apanhava lenha ali perto com outras duas meninas. Era uma menina frágil, asmática, cuja pobreza chegava à beira da miséria. Naquele dia de Inverno, teve medo de atravessar um pequeno riacho; podia molhar-se, ficar doente, e os seus pais precisavam do pouco dinheiro que ganhava como pastora.
Foi então que uma mulhar vestida de branco, com duas rosdas douradas nos pés, apareceu. Tratou a menina como se fosse uma princesa, pediu por favor para que ali voltasse um determinado número de vezes, e desapareceu. As outras duas crianças, que a tinham visto em transe, espalharam logo a história.
A partit daí começou um longo calvário para ela. Foi presa e exigiram que ela negasse tudo. Foi tentada com dinheiro para que pedisse favores especiais à Aparição. Nos primeiros dias, a sua família era insultada em praça pública- diziam que ela fazia tudo aquilo para chamar a atenção.
A menina- que se chamava Bernardette- não fazia a menor ideia do que estava a ver. Chamava a tal senhora de "Aquilo" e os seus pais, aflitos, foram procurar auxílio junto do padre da aldeia. O padre sugeriu que, na próxima aparição, ela perguntasse o nome da tal mulher.
Bernardette fez o que o padre lhe mandara, mas a resposta foi apenas um sorriso. "Aquilo" apareceu num total de 18 vezes, a maior parte delas sem dizer nada. Numa dessas vezes, pede para que a menina beije a terra. Mesmo sem entender, Bernardette faz o que "Aquilo" manda. Um dia, pede para a menina cavar um buraco no chão da gruta. Bernardette obedece e logo aparece um pouco de água lamacenta- porque ali eram guardados porcos.
- Bebe esta água- diz a senhora.
A água está tão suja que Bernardette apanha-a e deita-a fora por três vezes, sem coragem de a levar à boca. Mas acba por obedecer, embora repugnada. No lugar onde cavou o buraco, começa a jorrar mais água. Um homem cego de um olho passa algumas gotas dessa água no rosto e recupera a visão. Uma mulher, desesperada, porque o seu filho recém-nascido está a morrer, mergulha o menino na fonte- num dia em que a temperatura tinha caído abaixo de zero. O menino ficou curado.
Aos pouco a notícia espalha-se e milhares de pessoas começam a acorrer ao local. A menina continua a insistir em saber o nome da senhora, mas esta apenas sorri.
Até que um belo dia, "Aquilo" vira-se para Bernardette e diz:
- Eu sou a Imaculada Conceição.
Satisfeita, a menina corre a contar ao pároco.
- Não pode ser- diz ele- Ninguém pode ser a árvore e o fruto ao mesmo tempo, minha filha. Vá lá e deite-lhe água benta.
Para o pedre, apenas Deus pode existir desde o princípio- e Deus, ao que tudo indica, é homem.
Ele fez uma longa pausa.
-Bernardette, deita a água benta n'"Aquilo". A Aparição sorri com ternura, e nada mais.
No dia 16 de Julho, a mulher aparece pela última vez. Pouco depoi, Bernardette entra para um convento, sem saber que tinha mudado por completo o destino daquela pequena aldeia, ao lado da gruta. A fonte continua a jorrar e os milafres sucedem-se. (...)
(...) pouco antes de Bernardette ter as suas visões, as altas autoridades do Vaticano reuniram-se secretamente.
Quase ninguém sabia o que se passava nas reuniões- e, de certeza que o padre da aldeia de Lourdes não fazia igualmente a menor ideia. A alta cúpula da Igreja Católica estava a decidir se devia ou não declarar o dogma da Imaculada Conceição.
O dogma acabou por ser declarado através da bula papal Ineffabilis Deus. Mas sem esclarecer exactamente, para o grande público, o que isso significava.»
Na margem do Rio Piedra, eu sentei e chorei
Paulo Coelho
IMACULADA CONCEIÇÃO, ROGAI POR NÓS

1 comentário:

Anónimo disse...

oi! eu tbm adoro Paulo Coelho e sua obra e por isso
estou passando aqui pra te dizer algo que talvez vc nao saiba: ele
tbm tem um blog!
http://www.paulocoelhoblog.com
eu fiquei sabendo disso porque sou inscrita na newsletter dele
http://www.warriorofthelight.com
/port/index.html
Um abraco

 

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